Bahia deve receber mais de 20 mil baleias-jubarte

A menor circulação de pessoas e embarcações, por causa das medidas restritivas de combate ao coronavírus, deixa o mar baiano mais silencioso. Desde o começo do mês, este é o cenário encontrado pelas baleias-jubarte que chegam para a reprodução. Até o final de novembro, mais de 20 mil baleias devem passar pelas águas baianas, sendo vistas na capital e com maior concentração no Banco dos Abrolhos, no Sul da Bahia.

Os dados são dos pesquisadores do Projeto Baleia Jubarte, que há 32 anos monitoram as baleias que vêm ao litoral baiano para o período reprodutivo. De acordo com Enrico Marcovaldi, co-fundador e coordenador do Projeto, de ano em ano as jubartes saem da Antártida e migram para acasalar, parir e amamentar os seus filhotes nas águas quentes e rasas da costa do estado.

“Ainda é cedo para afirmar que uma melhora da qualidade da água, causada pela menor circulação de pessoas, tenha contribuído para a maior aparição delas. Porém, a menor circulação de pessoas e navios reduz riscos como os atropelamentos de filhotes e a poluição dos mares”, explica Marcovaldi.

Ainda segundo Marcovaldi, a pandemia também trouxe mudanças para o trabalho das equipes de monitoramento. A equipe de sete pessoas, que antes das limitações de prevenção à Covid-19 partiam no barco, foi reduzida pela metade. Além disso, todos precisam usar máscaras e carregar álcool em gel 70%.

Turismo

As operadoras de Turismo e Observação de Baleias, que têm parcerias com o Projeto Baleia Jubarte, estão com as atividades suspensas por tempo indeterminado. A medida foi adotada para a prevenção da disseminação do novo coronavírus. “Apesar das medidas necessárias, até o final da temporada, existe a expectativa de retomada da modalidade turística. Respeitando as medidas de saúde e preservação ambiental”, diz o coordenador do projeto.

No litoral baiano, três cruzeiros de pesquisa já foram realizados, da Praia do Forte até Salvador, trajeto de 125 milhas náuticas. Como resultado, mais de 30 baleias foram avistadas, com 16 jubartes fotoidentificadas. Para Marcovaldi, este é o “indicativo de que a temporada começa forte na região”.

No Banco dos Abrolhos, principal área de concentração das jubartes, foram realizados quatro cruzeiros, com 120 animais avistados e 140 milhas náuticas percorridas – 80 jubartes foram fotoidentificadas. Os pesquisadores do Projeto Baleia Jubarte ainda esperam que os nascimentos de baleias aconteçam nas próximas semanas, tornando possível a visualização dos primeiros bebês-baleia de 2020.

“Em tempo de pandemia, onde a humanidade tem refletido até sua relação com o meio ambiente, a presença cada vez maior dessa população de jubartes renova a esperança de dias melhores para o homem e a natureza”, conclui Marcovaldi.

Fonte: A Tarde

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